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A008j Argollo, Idéias de Jung
index do verbete
§ 1. Freud vs. Jung
1 A teoria de Freud faz do inconsciente um mero quarto de despejo do que sobra no consciente ou é por ele rejeitado, ou seja, inconsciente como produto do consciente.
1a Para Jung o inconsciente é anterior ao consciente, tanto na existência individual como na evolução do gênero humano.
1b Existe em cada humano outro conjunto de conteúdos inconscientes, comum a todos os humanos enquanto forma normal de possibilidades de pensar: o inconsciente coletivo.
§ 2. O inconsciente
2 Gregos: alma = psique. Mente = nous.
3 Séc. XIX: descoberta do inconsciente, ou melhor, descoberta de conteúdos inconscientes da psique.
4 Freud. Aparelho psíquico formado de inconsciente (conjunto de conteúdos ausentes da consciência, reprimidos, que podem ou não ter sido conscientes em dado momento. Dotado de leis próprias de funcionamento, é atemporal, não conhece passado, presente e futuro), pré-consciente (sistema onde ficam conteúdos que podem vir à consciência em algum momento) e consciente (sistema que recebe os estímulos do mundo exterior e onde ocorrem os fenômenos de percepção, atenção e raciocínio).
5 Jung. Estrutura da alma. Divide o aparelho psíquico em duas hipóstases (v. nota 1): consciente e inconsciente.
§ 3. O consciente
6 Consciente: órgão de orientação num complexo mundo de fatos interiores e exteriores. Caracteriza-se pela estreiteza: pode apreender poucos dados simultâneos num dado momento. Tem quatro faculdades:
6a a) Sensação: a faculdade de constatar que algo existe.
6b b) Pensamento: faculdade que interpreta o que foi percebido.
6c c) Sentimento: faculdade que constata o valor do objeto (relação de prazer e desprazer do sentimento é o máximo grau de subjetivação do objeto).
6d d) Intuição: função de percepção que compreende o subliminar, i. é, objetos que não aparecem no campo de visão, percepção imediata de relações que as demais funções não podem constatar no momento da orientação (sensação). Só a intuição torna possível a determinação espacial e temporal. O objeto está, no espaço, relacionado com inúmeros outros, e no tempo representa uma transição daquilo que era para o que será; as relações de tempo e espaço são necessárias para determinar o sentido de um objeto.
6e O consciente não é causa do inconsciente, mas derivado deste.
§ 4. inconsciente pessoal
7 O inconsciente é a totalidade dos fenômenos psíquicos a que falta a qualidade da consciência. Não é mero continente de conteúdos reprimidos. Todas as atividades que ocorrem no consciente podem também processar-se no inconsciente. O inconsciente divide-se em pessoal e coletivo.
8 O inconsciente pessoal contém conteúdos que estiveram no consciente e foram dali transferidos para o inconsciente porque a) perderam energia ou b) foram reprimidos, em virtude de antagonismo com o ego (o esquecido e o reprimido).
8a Parece haver um terceiro conteúdo: o que foi criado (dados criativos) por atividade associativa inconsciente (que dá origem aos sonhos) mas ainda não tem energia suficiente para aflorar.
§ 5. inconsciente coletivo
9 O inconsciente coletivo tem conteúdos inatos e comuns aos seres humanos: instintos e os arquétipos.
9a instintos são impulsos destinados a produzir ações que derivam de uma necessidade interior, sem uma motivação consciente.
9b arquétipos, vide abaixo.
§ 6. complexos
10 Complexos: aglomerados ideo-afetivos. Conteúdos estruturados por conjuntos que representam certa afinidade emocional. É a imagem de uma determinada situação psíquica de forte carga emocional, incompatível com as disposições ou atitude habitual da consciência. Tal imagem tem coerência interior e goza de elevada autonomia, sujeitando-se ao controle da consciência até certo limite, comportando-se na esfera do consciente, como um corpo estranho. São porções destacadas da psique, têm dinâmica própria, perturbam os processos associativos, interferem no desempenho da consciência e na vontade.
10a Originam-se às vezes de trauma, choque emocional ou coisa semelhante, que arranca fora um pedaço da psique. A causa mais comum é conflito moral (impossibilidade aparente de aderir à totalidade da natureza humana).
10b O completo mais importante é o complexo do ego, responsável pelo sentimento de seidade, o eu, fator complexo com o qual todos os conteúdos conscientes se relacionam.
§ 7. arquétipos
11 arquétipos = “impressão antiga”. Imagens-protótipo. São formas de apreensão. Seus conteúdos são possibilidades latentes (v. § 11a), que recebem forma atualizada perante o consciente (é apresentado ao consciente) de acordo com as condições da vida interna e externa do indivíduo.
11a O que é transmitido é a possibilidade de pensar num mesmo sentido, por causa da estrutura cerebral própria do humano.
11b “Considerada a estrutura do corpo, seria de espantar que a psique fosse o único fenômeno biológico a não mostrar vestígios claros da história de sua evolução (...)”.
11c Os arquétipos que mais influenciam ou perturbam o eu são a sombra (v. § 12), o self (o si-mesmo) (v. § 13), a anima e o animus (v. § 14).
§ 8. a sombra
12 A sombra é o outro lado, o lado obscuro, inferior, da personalidade, que não se quer conhecer e se nega através de mecanismos de defesa. No processo de individuação (v. § 15) e autoconhecimento o ego tem de entrar em contato com a sombra (conscientização e integração dos conteúdos da sombra).
§ 9. O self
13 O self é o arquétipo mais importante, o arquétipo da totalidade. Representa o conjunto completo dos fenômenos psíquicos do indivíduo, a unidade e totalidade da personalidade global. O conceito é parcialmente indefinido, porque engloba o não-experimentável (o inconsciente).
13a Aparece empiricamente em sonhos, mitos e contos de fadas na figura de personalidades superiores (reis, heróis, profetas) ou símbolos de totalidade (círculo, quadrado, cruz). E porque representa união dos opostos manifesta-se como dualidade unificada (yin-yang, irmãos em litígio, herói e rival).
§ 10. anima e animus
14 O arquétipo anima-animus representa o oposto inconsciente da identidade sexual objetiva e é atualizado pela interação com os elementos do sexo oposto.
§ 11. individuação
15 Individuação: o psiquismo livra-se do império do coletivo sobre si. Significa tornar-se um ser único, tornar-se si mesmo, tornar-se um consigo mesmo; um processo de diferenciação; despojar o si-mesmo dos invólucros falsos da persona, assim como do poder sugestivo dos arquétipos. Alinha-se o ego com o self, livrando o indivíduo da subordinação a modos de ser e fazer impostos pelo coletivo.
§ 12. Notas:
1. - Hipóstase: 1 Rubrica: filosofia. Para os pensadores da Antigüidade, realidade permanente, concreta e fundamental; substância. 1.1 Rubrica: filosofia. No neoplatonismo de Plotino (205-270), cada uma as três substâncias fundamentais do mundo inteligível. 1.2 Rubrica: filosofia. Na escolástica de Tomás de Aquino (1227-1274), ente individual, caracterizado por sua concretude, unidade, delimitação e determinação; substância primeira. 2 Rubrica: filosofia. Segundo a reflexão moderna e contemporânea, equívoco cognitivo que se caracteriza pela atribuição de existência concreta e objetiva (existência substancial) a uma realidade fictícia, abstrata ou meramente restrita à incorporalidade do pensamento humano. 3. Rubrica: medicina. sedimento, depósito de um líquido orgânico, esp. de sangue venoso. 4. Rubrica: medicina. circulação fraca do sangue em algum órgão ou parte do corpo, como a que acontece na insuficiência venosa. 5. Rubrica: retórica.
desenvolvimento de uma idéia. 6. Rubrica: teologia. Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade, considerada como substancialmente distinta das outras duas.
19/04/2013 10:22
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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